Diálogo ou monólogos?
Quantas vezes você já esteve em um diálogo que mais parecia dois monólogos?
O reflexo das relações de poder e energia competitiva típicos das relações humanas é expresso na comunicação quando não conseguimos ouvir o outro sem pensar no que será respondido ou construir o discurso com a perspectiva de que existirá um “ganhador” e um “perdedor” naquela situação. Pensando nisso e buscando refletir sobre a contribuição da forma de nos comunicarmos para o estabelecimento de diálogos construtivos, com abertura ao novo e sem impor uma “verdade” absoluta, Marshall Rosenberg desenvolveu uma teoria chamada de Comunicação Não Violenta.
O que seria uma comunicação violenta? Uma comunicação que não respeita o outro, que projeta suas considerações pessoais acima do que de fato a outra pessoa está tentando dizer. Muitas vezes, esse formato é expresso mais claramente em situações que evidenciam a nossa dificuldade em lidar com conflitos e tendência à polarização dos discursos. Seria aquela colocação que se dá de forma impositiva e que mesmo sutilmente pode servir mais para reafirmar um ponto de vista do que para buscar encontrar pontos de interseção que favoreçam uma reflexão complexa acerca do tema.
Quais podem ser as soluções para chegarmos em outro formato? O principal é o exercício da empatia, a observação do outro nele mesmo, com menos filtros das nossas próprias crenças (o quanto for possível). Outra consideração abordada pelo autor é a de que a violência é o extremo de uma necessidade não atendida, então, pode ser eficiente a busca pela comunicação dessas necessidades e os acordos que podem ser feitos a partir disso. É ressaltada também a importância desses acordos para que respeitemos os parâmetros de quem estamos nos relacionando sobre o que é ou não violento.
Pensar nisso no âmbito do trabalho é necessário por ser um ambiente em que muitas relações de poder são escancaradas, ao mesmo passo que tem como objetivo a construção, solução, inovação e criatividade e esses aspectos são contraditórios. A imposição não funciona mais, uma vez que convivemos com pessoas muito diferentes e não existe uma resposta única para as questões da vida. Os conflitos são essenciais para o crescimento, já que são a partir deles que somos capazes de identificar pontos de entrave dos argumentos das pessoas envolvidas e trabalhar juntos para a resolução. Vale ressaltar que tudo isso é um sistema complexo, condicionado por diferentes variantes e reforçado por outras muitas, logo, é um exercício que temos que fazer em conjunto e nos relacionar com que nunca teve contato com reflexões como essa de forma inteligente, ensinando também a partir do exemplo.
Vamos praticar?!
Marina Braga
Estudante de Jornalismo
Estagiária de Comunicação na Pontos Diversos
Parceira Extraordinária na Marcô Comunicação
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