Precisamos falar sobre…
Um mundo de coisas. Nós precisamos falar sobre tantos temas que aqui nem caberiam as pautas mais urgentes que temos hoje no nosso país (não vou nem abrir pra mundo porque já ficou evidente a quantidade de assuntos que nos demandam tempo e discussão), mas o que nós realmente precisamos falar é sobre essa “necessidade de (im)posição” a alguns debates bem como “reações” a esses mesmos assuntos.
Vamos lá! Recentemente, tivemos o infeliz episódio do assassinato de George Floyd nos EUA e toda a repercussão sobre isso e as manifestações a favor das vidas pretas. Ainda na mesma respiração, o Brasil aderiu ao protesto quando pessoas físicas e ou jurídicas postaram em suas redes um card preto com a hastag do manifesto. Essa discussão é longa e eu, que não tenho lugar de fala da população negra, prefiro não me aprofundar, porém, na mesma semana, tivemos dois (que a mídia nacional divulgou) óbitos negros aqui nessa terra linda de meu Deus igualmente absurdos e não vimos tamanha repercussão. Gostaria de lembrar-vos também que vários perfis (pessoas físicas e ou jurídicas) que participaram do protesto com no máximo 48h passados os fatos já tinham apagado o post. Precisamos falar SOBRE ISSO.
É importante que falemos também de como as empresas se posicionam quando acontecem essas situações e, mais ainda, se o discurso delas é coerente com a prática. Haja visto um banco de grande porte nacional que fez campanha para o recente Dia do Orgulho LGBTQIA+ e há alguns anos teve um dos seus gerentes demitidos quando anunciou (assumiu?) a sua homossexualidade. Sempre vem o questionamento: a retratação ou reposicionamento não são válidos? São demais! No entanto, para além dos discursos há a prática e é imprescindível que fiquemos atentos a ela.
Como eu falei lá em cima, precisamos querer falar sobre… Precisamos estar com vontade e minimamente embasados para ter qualquer discussão e precisamos mais ainda nos mantermos calados, caso não saibamos nada sobre o assunto abordado. Não é vergonha nem demérito não saber sobre isso ou aquilo. “Ahhh, mas você é jornalista, TEM que saber”. Não, eu não TENHO que saber, mas, já que você falou, vou dar aquela estudada marota e logo menos volto aqui para conversarmos sobre. Pode ser? Dessa maneira, a comunicação fica mais fluida, agradável aos olhos dos que lêem e consequentemente mais eficaz na recepção da sua mensagem.
Então, se você não quiser falar “sobre”, não fale, mas esteja pelo menos disposto a ouvir. Um dia, no futuro, você debate. E sim, estamos sempre preparados para essa conversa.
Maiana Marques
Jornalista e fotógrafa na Marcô Comunicação
Especialista em Marketing Estratégico
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